O crescimento da economia do Brasil tem surpreendido positivamente, e o país é o “único do mundo” com revisões para cima nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“O Brasil é o único país do mundo com revisões de crescimento. Sim, tiveram medidas do governo que ajudaram, mas acho que tem aspectos estruturais também”, disse.


Em evento, Campos Neto destacou um “crescimento forte de serviços, mas indústria ainda sofrendo um pouco”. A “grande surpresa”, segundo ele, é o desempenho do mercado de trabalho, projetando uma taxa de desemprego em 8,5% neste ano.


“É uma taxa que não se via há muito tempo, nada no mundo nessa proporção do Brasil, o que mostra o efeito de políticas combinadas. O crédito também super saudável. Uma alta da inadimplência é natural com alta de juros, mas mesmo assim dentro dos parâmetros”, avaliou.
Ao falar sobre o quadro inflacionário no Brasil, o presidente do BC destacou que comemora melhoras recentes, como deflação em julho, e que atribui o movimento a medidas do governo, como a queda na alíquota do ICMS.


Mesmo assim, defendeu que “não pode baixar a guarda”, com os preços de alimentos ainda elevados, e que a maior parte dos efeitos da alta de juros ainda não foi sentida pela economia.
Ele destacou que o Brasil “saiu na frente” do resto do mundo, com um ciclo de alta de juros “mais rápido, agressivo”. “Não tem quase nada praticamente de precificação de aumento de juros nos próximos seis meses aqui”, destacou.


Campos Neto afirmou ainda que muitos países implementaram medidas para amenizar o impacto da guerra na Ucrânia nos preços de energia e alimentação, um movimento adotado pelo Brasil apenas mais recentemente.
“Outros países tinham feito isso há mais tempo, alguns desde o começo da pandemia. Na média, o Brasil gastou menos que a média da OCDE nessas medidas”, disse.


Para Campos Neto, a inflação atual difere do período inflacionário de 2014, quando a inflação brasileira subia enquanto a mundial tinha estabilidade.
“Agora, é o contrário, a nossa está abaixo da média dos desenvolvidos. Não faz sentido analisar inflação comparando com 2014, são categoricamente diferentes. Todos os países estão com inflação acima da expectativa, tanto neste ano quanto no próximo. O Brasil já fez grande parte do trabalho”, afirma.
Globalmente, Campos Neto destacou um movimento de melhora nas inflações, mas os números ainda estão elevados em muitos países, com necessidade de novas altas de juros, indicando um período de “inflação alta e crescimento mais baixo”, indicando pelas revisões de crescimento para baixo na maior parte dos países.


“Achamos que o Fed deveria continuar agressivo e vigilante no seu trabalho”, disse Campos Neto sobre a atuação do banco central dos Estados Unidos, destacando uma melhora recente nos números do país. Para ele, porém, há “claramente” uma desaceleração econômica global.
“Todos os modelos mostram que a desaceleração mais forte nos Estados Unidos tem probabilidade mais alta. Acho que os próximos três meses vão ser cruciais para entender essa situação, se a desaceleração foi incorporada, deveria refletir nos preços, se não caírem, pode indicar um pouso mais duro”, avaliou.


Na questão fiscal, Campos Neto afirmou que existem dúvidas em relação à continuidade das medidas anunciadas pelo governo, como o aumento do Auxílio Brasil, em 2023, e como elas seriam financiadas, mas que “não cabe ao BC especular”.
“Independente do governo, o Brasil enfrenta o problema que quem sentar na cadeira vai ter que olhar para social e fiscal e encontrar equilíbrio. O que for decidido, vamos olhar no modelo”, disse.


O presidente do Banco Central destacou ainda que “é importante ter um ambiente fiscal bom para lidar com a inflação. O Brasil vai terminar o ano com dívida bruta parecida com a anterior à pandemia, um dos poucos países do mundo” que vai conseguir isso.




TRADIÇÃO, UM NOVO CONCEITO DE RÁDIO !



Por CNN