Em março de 2018, eu entrei ao vivo no Fofocalizando, direto da Balada Music – o escritório de Gusttavo Lima, em Goiânia. Na época, a música mais tocada no Brasil era Apelido Carinhoso, interpretada pelo artista; a canção permaneceu durante dois meses em primeiro lugar. Depois da gravação, Gusttavo me levou para conhecer todo o escritório e eu comecei a entender que não era por mero acaso que o sucesso dele se mantinha há tantos anos. A estrutura comercial abriga uma sala comprida, com várias telas e um mapa do Brasil no qual luzes piscavam em determinados pontos. Eu perguntei o que era aquilo. Ele me explicou que, naquele espaço, faz o monitoramento das rádios que transmitem suas músicas, em todo o país. Eu fiquei chocado e, até hoje, não consigo entender como isso é possível.

Rádio, aliás, é dos principais fatores do sucesso de Gusttavo. Tocar muito em rádio significa que você fará muito mais shows por todo o país, já que a internet ainda não chegou a muitos cantos do Brasil. E outra: ele investe pesado em cada lançamento. A cada música lançada, ele gasta mais de R$ 1 milhão na divulgação. Normalmente, um artista grande gasta cerca de R$ 300 mil a R$ 500 mil.


A TV serviu, no início da carreira, para tornar a imagem dele conhecida. Hoje, ele não precisa mais disso. Não vai a programas, não dá entrevistas. Como muitos, ele percebeu que a superexposição nas telas acaba fazendo com que o público perca o interesse em pagar o ingresso para ir a um show. O pensamento do fã acaba sendo: “Para que ir ao show se posso ver o artista na TV da minha casa?”. Tem lógica.


Gusttavo, além de um grande cantor, é visionário, está um passo à frente de todos. Foi o primeiro a lançar as lives profissionais como um grande espetáculo. O primeiro cantor a criar seu próprio “festival”, o Buteco. O primeiro a vender toda a agenda de 2022 para um fundo de investimento, por R$ 100 milhões, com todo país ainda parado. E, enquanto isso, com os espetáculos paralisados no país, ele foi aos Estados Unidos, onde os shows já haviam voltado, para gravar seu DVD. O Brasil continuava em casa e ele surgiu com um trabalho inédito, com público a céu aberto. Não dá para competir.

Sobre gerenciamento de sua própria carreira, Gusttavo aprendeu muito com Marquinhos da Áudio Mix, o Marcos Araújo, seu ex-empresário, um gênio do show business. O cantor pensa grande, nunca é algo “mais ou menos”. Se não for para ser o maior, nem chame Gusttavo Lima.


Marcos Araújo sempre foi muito ligado ao que acontece na América e ele passou esse pensamento de gigantismo para o GL. Seus palcos são imensos, a estrutura das apresentações são gigantescas, e isso representa a grandeza do artista. A cada novo projeto, há de ter algo maior que o anterior.


Outra tática de Gusttavo Lima: para ser um artista realmente nacional, ele tinha que se adaptar aos regionalismo de um país continental. Não adianta ser estourado no Nordeste e não conseguir encher um show no Sul. Ele agiu estrategicamente em cada região do país. Foi gravar um DVD no Cariri, interior do Ceará. Montou uma estrutura gigantesca em pleno sertão nordestino. Quando foi se apresentar em Porto Alegre, passou os dias anteriores aprendendo a cantar com precisão o hino rio-grandense-do-sul, e entrou no palco de bombacha e chimarrão. Na hora, conquistou os gaúchos. Gusttavo enche shows em todo o país. Ele percebeu que sua música tinha que adaptar a cada público. E eu te falo com precisão: só ele hoje consegue esse feito – tocar de Norte a Sul, com a mesma grandeza.


Aliás, sobre sua música: o Embaixador não gosta dos “modismos”, ele é tradicional. Tem uma enorme influência dos ritmos latinos, mais precisamente a Bachata, que surgiu na República Dominicana, com forte presença de violão. Lima acha que modismos passam, e o tradicional fica. Você nunca vai vê-lo coreografando uma música para viralizar no TikTok. Esse não é ele. Gusttavo quer ser o próximo Roberto Carlos – e tem grandes chances de alcançar esse sonho.


Outra tática do sucesso: não basta ser uma grande estrela da música, você precisa se portar como tal, vestir-se com roupas de superstar e se apresentar sempre impecável. Ser objeto de desejo e admiração. Ele investiu muito no visual, mudou o corpo, implantou barba, passou a se vestir mais elegante e ficou com o visual completamente diferente do que no início da carreira. Ele, a cada show, vai como se fosse se casar.


Mesmo sarado, Gusttavo não se mostra o corpo no palco. Jamais você vai vê-lo se requebrando no show. O público masculino não gosta disso, e os artistas com público fiel têm carreiras mais duradouras. É sério! Conquistar público masculino é mais difícil, mas, uma vez conquistado, o artista está com a vida ganha.


Acho que já falei demais, e poderia escrever mais uns 10 parágrafos sobre como Nivaldo Batista Lima, um menino muito pobre, tornou-se o maior artista deste país. Mas por hoje chega. Até sábado (3/9), quando completa 33 anos, nós faremos várias matérias sobre ele.




TRADIÇÃO, UM NOVO CONCEITO DE RÁDIO!



Por Metrópoles